Depois de mais de dois anos desde o primeiro dia em que disse pra mim, estou treinando, pela primeira vez me vi sozinha numa praça. Apenas eu, minha respiração, minha vontade e os obstáculos. Num primeiro momento não soube o que fazer. Comecei apenas começando. Pelo mais fácil. Alonguei braços, pescoço, pernas, articulações e minha mente a mil, sem me dar tréguas, apenas me perguntando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? Passei a fazer coisas com as quais já estava habituada: flexões, agachamentos, abdominais. E minha mente ainda me desafiando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? A temperatura do meu corpo esquentou, meu sangue começou a circular com mais rapidez e uma onda de coragem me invadiu. Não que eu estivesse disposta a realizar movimentos incríveis. Não. Eu estava apenas disposta a começar. Disposta a me mover. Coisa que por tempos eu sequer tive coragem. Fiz alguns precisions, outros movimentos que preciso confessar que não sei o nome, alguns equilíbrios, subi muros. Experimentei sequências mais elaboradas com três movimentos seguidos. Alternei com outros movimentos de força e me senti viva. Como nunca havia me ocorrido, algumas fichas caíram. Por mais que eu tivesse lido textos de traceurs mais experientes, por mais que eu já tivesse escutado deles as melhores formas de fazer, pela primeira vez realmente entendi, com meu corpo e não com a minha mente, os porque de várias coisas que eu sempre ouvia. Meu corpo, e não minha mente, me permitiu sentir coisas importantes, que descrevo agora para que eu mesma nunca as esqueça:
Que a mente da gente prega peças e que muitas vezes ela resolve falar conosco milésimos de segundos antes da execução de um movimento. Você não vai dar conta! Esse não é pra você. Quem você pensa que é pra fazer isso? O que foi mesmo que eu comi no almoço? A mente pode ser nossa aliada, mas pode também facilmente se transformar em nosso maior vilão. Perder o foco é fácil. Mantê-lo é mérito. Cale sua mente! Calada ela funcina melhor em seu favor.Rafaela na Fabrai.
Que é importante não deixar a energia se esvair. Mexa-se, não pare, evite sentar-se. Para um treinamento mais produtivo combine consigo mesmo um pequeno desafio para o dia. Apenas entre você e você mesmo. Farei 10 repetições de um movimento. Farei outras 10 repetições de outro. E vá vencendo os pequenos desafios aos poucos e vá se gratificando por executá-los. Tome um gole de água. Alongue-se. Mas não pare. Energia parada é energia desperdiçada. Alterne movimentos de certa dificuldade, com movimentos de força. E ao final, sem reparar já realizou 50 flexões, 100 abdominais, se mantendo em movimento por quase uma hora.
Que os locais mudam muito pouco, o que deve mudar é nossa forma de enxergá-los. Exercite um novo olhar sobre as coisas. Procure novos ângulos. Pense diferente. Como atingir aquele local de uma nova forma, como executar aquela velha forma em um novo local? O que há que ainda não tentei? Tente e surpreenda a si mesmo. Tenho um amigo que funciona como um exemplo vivo. Ele não pára, ele não sossega, ele está sempre em busca, à procura. E a própria procura o instiga sempre a ser criativo. Ele erra bastante. Algumas boas vezes acerta. Mas está sempre tentando.
Que fazer movimentos novos pelo menos três vezes corretamente é essencial Você precisa mostrar ao seu corpo que sim, que ele fez, que ele completou. Nosso corpo tem memória. Memória viva, em movimento. Por isso não esquecemos coisas que são bem aprendidas e bem repetidas, como nadar, andar de bicicleta. Faça a memória do seu corpo funcionar. Force-se a repetir. Quando existe um despêncio grande de adrenalina na nossa corrente sanguínea, o corpo tende a querer parar. Viveu aquela experiência. Ultrapassou o limite. Pronto. Acabou. Mas não… Force-se a repetir. Faça seu corpo ter certeza e repita. Espere o tempo necessário. Nem muito, nem pouco. E repita.
Que mesmo quando treinar na companhia de outras pessoas, é importante exercitar a solidão. Vá para cantos, respire fundo, se encontre, perceba-se. Isso te fará aprender a não dar importância para o que dizem. E nem importância para o que você pensa que os outros estão pensando. O motivo de estar ali é apenas seu e só você sabe qual é. De tempos em tempos reviva a possibilidade de estar só em treinamento, mesmo que outras pessoas estejam ao seu lado treinando. Re-experimente a sensação de contar apenas consigo mesmo.
Espero realmente que eu não esqueça.
- Rafaela.
Que os locais mudam muito pouco, o que deve mudar é nossa forma de enxergá-los. Exercite um novo olhar sobre as coisas. Procure novos ângulos. Pense diferente. Como atingir aquele local de uma nova forma, como executar aquela velha forma em um novo local? O que há que ainda não tentei? Tente e surpreenda a si mesmo. Tenho um amigo que funciona como um exemplo vivo. Ele não pára, ele não sossega, ele está sempre em busca, à procura. E a própria procura o instiga sempre a ser criativo. Ele erra bastante. Algumas boas vezes acerta. Mas está sempre tentando.
Que fazer movimentos novos pelo menos três vezes corretamente é essencial Você precisa mostrar ao seu corpo que sim, que ele fez, que ele completou. Nosso corpo tem memória. Memória viva, em movimento. Por isso não esquecemos coisas que são bem aprendidas e bem repetidas, como nadar, andar de bicicleta. Faça a memória do seu corpo funcionar. Force-se a repetir. Quando existe um despêncio grande de adrenalina na nossa corrente sanguínea, o corpo tende a querer parar. Viveu aquela experiência. Ultrapassou o limite. Pronto. Acabou. Mas não… Force-se a repetir. Faça seu corpo ter certeza e repita. Espere o tempo necessário. Nem muito, nem pouco. E repita.
Que mesmo quando treinar na companhia de outras pessoas, é importante exercitar a solidão. Vá para cantos, respire fundo, se encontre, perceba-se. Isso te fará aprender a não dar importância para o que dizem. E nem importância para o que você pensa que os outros estão pensando. O motivo de estar ali é apenas seu e só você sabe qual é. De tempos em tempos reviva a possibilidade de estar só em treinamento, mesmo que outras pessoas estejam ao seu lado treinando. Re-experimente a sensação de contar apenas consigo mesmo.
Espero realmente que eu não esqueça.
- Rafaela.
9 comentários:
Texto maravilhoso, lembrei de tantas coisas lendo isso. O ultimo paragrafo me fez lembrar da nossa ultima apresentação no Palacio e também no evento da MTV, a estrutura ali, centenas de pessoas olhando e eu pensava so no que estava fazendo ...era como se realmente eu estivesse treinando sosinho num dia qualquer..ter esse controle da uma sensação muito boa. Fiquei muito empolgado ontem depois que li o texto , tava morrendo de sono -com vontade de treinar - mas com muita preguiça hahaha...depois que li fui direto pra praça treinar equilibrio ...mto bom mesmo Parabens.
O que foi isso???? Ainda tô atônito com tanta reflexão de primeira qualidade. Por diversas vezes me coloquei como autor da narrativa e me vi encarando situações que são constantes em meus treinos.
Muito obrigado pelas suas palavras!
Nossa!!! fico muito boa essa sua reflexão!... Fiquei pensando quando eu começei a praticar parkour... eu precisava (desligar) minha mente do que as pessoas diziam para poder treinar de uma forma mais focada...sem me preocupar com a opinião dos "espectadores".
Gostei msm do texto Rafa...vou voltar a treinar dessa forma para conseguir um controle mental melhor não só para o parkou mas para outras situações q ocorrem no dia a dia..
Parabéns
vc postou exatamente sobre o que eu disse pro Arthur que eu postaria. sintonia da pkmax hahaha adorei o texto e tudo =]
Muito bom Rafaela. Faz algum tempo que eu fiz um post no meu blog +ou- trabalhando nessa ideia. Acho que o treino realizado sozinho é indispensavel para quem pensa em ter uma evolução legal dentro do Parkour. A atenção fica mais aflorada, assim sendo possivel trabalhar dentro do seu real potencial. Tirando o fato de que também te ajuda a pensar mais sobre o real motivo de você praticar essa atividade, pois ali é só você e o Parkour, mais nada.
Adorei o texto! Parabéns
Valeu pelo incentivo gente! É pra eu não esquecer mesmo... sempre ficar me lembrando dessas coisas!
Me mata de orgulho.
Mandou muitíssimo bem em vários pontos: em treinar sozinha; em escrever sobre; em perceber, pensar e não pensar e sentir.
Que venham os próximos treinos e textos inspirados.
Parabéns pelas conquistas.
Beijoca.
Sou seu fã.
Que crescimento heim?
muito bom mesmo, parabéns nina. Abração.
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